Pesquisa americana
verificou fenômeno ao submeter pessoas que passaram por estresse a vírus do
resfriado
RICARDO BONALUME
NETO
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Analisando dados de
dois estudos com seres humanos, uma equipe de cientistas flagrou um mecanismo
que faz com que o estresse aumente o risco de doenças ao afetar a capacidade do
organismo de controlar as inflamações.
"O estresse
psicológico crônico está associado a um risco maior de depressão, doença
cardiovascular, diabete, doenças autoimunes, infecções respiratórias e pior
cicatrização de feridas", lembram os autores do estudo, liderados por
Sheldon Cohen, da Universidade Carnegie Mellon, de Pittsburgh (EUA).
Havia a hipótese de que
o estresse agiria diretamente por meio do aumento do hormônio cortisol no
sangue.
O organismo libera esse
hormônio em resposta a uma situação estressante. O cortisol aumenta a pressão
arterial e o açúcar no sangue, proporcionando mais energia. Mas, a longo prazo,
o excesso pode causar problemas.
"A ideia de
que o estresse age por meio dos efeitos diretos do cortisol está se tornando
menos provável. O que pode ser mais significativo é como os tecidos respondem
ao cortisol, e não os níveis do hormônio em si", escreveram Cohen e
colegas na revista científica americana "PNAS".
INFLAMAÇÃO SEM FREIO
Eles propõem um modelo
que explicaria o maior risco de doença por meio da diminuição da sensibilidade
das células de defesa do corpo aos hormônios que normalmente agem para colocar
um freio na resposta inflamatória. Essa diminuição é conhecida pela sigla em
inglês GCR.
Os dois experimentos
envolveram dois grupos de adultos com, respectivamente, 276 (125 homens, 151
mulheres, idade média de 29 anos) e 82 (39 homens, 43 mulheres, idade média de
37 anos) voluntários em boa saúde. Muitos, porém, tinham passado por
"eventos de vida estressantes" ao longo do ano anterior.
"Esse é um
critério padronizado que se mostrou capaz de ajudar a prever doenças no
passado. Os eventos variam muito, mas podem ser coisas como ter problemas
recorrentes com um cônjuge, problemas recorrentes no trabalho, a perda por
morte de um amigo próximo ou membro da família, ter sido preso etc.",
disse Cohen à Folha.
Os voluntários
receberam pelo nariz soluções contendo vírus do resfriado comum (rinovírus) e
depois ficaram de quarentena. Eles foram acompanhados durante cinco dias para
avaliação do seu estado de saúde e presença de sintomas de resfriado, com
lavagens nasais para verificar a presença do vírus.
Os resultados do
primeiro estudo indicaram que as células de defesa, do sistema imunológico,
eram menos sensíveis aos hormônios que encerram a resposta inflamatória nas
pessoas estressadas do que em outros indivíduos igualmente saudáveis, mas que
não passaram por estresse no ano anterior.
SENSÍVEL
O segundo estudo foi
feito para checar a produção de substâncias capazes de promover a inflamação,
as citocinas. E descobriu que, quanto mais a pessoa tinha GCR, ou seja, menor
sensibilidade do sistema de defesa, maior foi a produção de citocinas pelo
organismo.
Os resultados dos dois
estudos, afirmam os autores, indicam como o estresse afeta a regulação da
inflamação pelo organismo. "Como a inflamação desempenha um papel
importante na iniciação e progressão de uma ampla gama de doenças, esse modelo
pode ter amplas implicações para a compreensão do papel do estresse na
saúde", concluíram os sete autores do estudo.
Matéria disponibilizada
no site: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/34902-estresse-faz-inflamacoes-ficarem-fora-de-controle.shtml
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